A pandemia restringiu a circulação de crianças e adolescentes nas ruas, mas eles continuam “caminhando” em ruelas virtuais nem sempre tão seguras e bem sinalizadas. Para ajudar adultos e crianças a se orientarem melhor nos meandros da internet, entidades ligadas à educação e proteção online promovem anualmente o Dia da Internet Segura, com a promoção de debates, divulgação de estatísticas e de cartilhas instrutivas. Em 2021, o evento ocorre nesta terça-feira (9), de forma remota, e se estende ao longo da semana (clique para acessar a página do Dia da Internet Segura).
Criado internacionalmente pela Rede Insafe na Europa, o Safer Internet Day (nome em inglês) ocorre em mais de 140 países e estimula usuários e instituições a terem um uso livre e seguro da rede. A Safernet coordena o comitê organizador do Dia Mundial da Internet Segura no Brasil desde 2009 e conta ainda com a correalização do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
“A rede é um ambiente de interação de muitas pessoas, conhecidas, desconhecidas, boas e más. Quando nossos filhos saem na rua, ou a gente os acompanha, ou os instrui para que possam ter noções de riscos e perigos. O mesmo ocorre na internet”, compara Kelli Angelini, gerente da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), entidade vinculada ao Comitê Gestor da Internet (CGI.br).
No Brasil, 41% dos usuários de internet maiores de 16 anos residem com crianças e adolescentes. Os dados são do Painel Covid-19, em levantamento realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). Já os dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019 revelam que 89% da população entre 9 e 17 anos já usavam a internet antes mesmo da necessidade de isolamento social, o equivalente a mais de 24 milhões de pessoas. Com a pandemia do novo coronavírus, boa parte da vida dos pequenos migrou para o ambiente virtual, com participação desde em aulas online a videochamadas para garantir a interação social, com impacto na rotina da famílias.
O diretor de Educação da organização não governamental SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, chama a atenção para a intensificação dos desafios que a “hiperconexão forçada” produz. Segundo Nejm, de um lado, os pais tentam encontrar limites de negociação para o tempo que filhos gastam em jogos e redes sociais. Do outro, as famílias e educadores buscam meios de fazer com que as crianças e adolescentes adotem posturas mais críticas e cuidadosas nas suas experiências digitais e durante o consumo de diferentes conteúdos.
Em vez de simplesmente restringir o acesso às plataformas digitais, Rodrigo Nejm sugere que os pais negociem limites com os filhos. “Por mais que os pais não se sintam tão aptos tecnicamente, é necessário fazer conexão de princípios, valores e maturidade para ter um olhar crítico sobre a experiência digital”. Ele propõe como caminho do meio uma espécie de “dieta digital”. Entenda a proposta:https://www.youtube.com/embed/NO-HLIIHH88
Consequências do uso inseguro
Além dos riscos de contatos com estranhos, a divulgação de conteúdo sem consentimento entre crianças e adolescentes também pode causar consequências desastrosas. É o caso da exposição de memes (montagens) de fotos de colegas ou de conteúdos íntimos, conhecidos como nudes. “Esse tipo de atitude fere o ordenamento jurídico brasileiro e, no caso de um adolescente, ele pode vir a responder por ato infracional”, pontua Angellini.
Agência Brasil