O segundo dia do Salão do Turismo 2025, em São Paulo, confirmou o tom de celebração de uma indústria que pulsa em cada canto do país. No estande do Sebrae, vários pedaços do Brasil se desdobram em roteiros que misturam natureza, gastronomia, história e afeto. Se o turismo é um dos grandes motores da economia, como lembrou a gerente de Competitividade do Sebrae, Ana Clévia Guerreiro, ele também é feito de memórias inesquecíveis. “O que todo empreendedor do setor deseja é ouvir a frase mágica do turista: eu vou voltar. E esse encantamento só é possível porque cada experiência é pensada como uma jornada completa, da hospedagem à gastronomia, das trilhas à cultura local. E, em todos esses elos, os pequenos negócios são protagonistas — representam 97% do setor turístico”, destacou.
No Ceará, Wendell Rolla, do Receptivo de Charme, apresentou a Rota das Falésias, que percorre oito municípios do Estado. O roteiro propõe ao viajante uma imersão que vai muito além do cartão-postal. “É uma experiência genuína, de base comunitária, onde o turista dorme nos destinos, conversa com os pescadores, dança com os papangus e se emociona com histórias locais. E, claro, saboreia nossas delícias: da rapadura de Pindoretama à lagosta fresca de Icapuí, assada na hora na beira da praia”, contou. Wendell, parceiro do Sebrae há quase uma década, destaca que o apoio foi decisivo para estruturar as experiências e validá-las junto às comunidades.
“Com o Sebrae, a gente aprendeu a transformar vivência em produto turístico. Hoje, o turista sai encantado e sempre quer voltar, seja com a família, seja trazendo amigos”
Wendell Rolla, do Receptivo de Charme, do Ceará
Do litoral ao interior do Paraná, Vanessa Vieira, da Serra Verde Express, mostrou a grandiosidade do Passeio de Trem pela Serra do Mar, eleito um dos mais bonitos do mundo. São quatro horas atravessando a maior área contínua de Mata Atlântica preservada do Brasil, entre Curitiba e Morretes. “É um espetáculo da natureza, com túneis, pontes e precipícios cobertos de verde. Em Morretes, o visitante experimenta o barreado, nosso prato típico, uma carne cozida por 12 horas, servida com farinha e banana da terra. É impossível não se apaixonar”, disse. A parceria de longa data com o Sebrae permitiu à empresa ampliar a visibilidade e levar o roteiro a mais turistas. “O Sebrae está sempre junto, com capacitação e promoção. Estar aqui no Salão é mostrar o Paraná para o mundo.”

No coração do Cerrado goiano, Dominga Natália, da SGTour, apresentou o roteiro Quilombo Kalunga, desenvolvido em parceria com o também quilombola Adriano Paulino. O território reúne 39 comunidades e mais de 8 mil pessoas, com atrativos que combinam história, cultura e natureza. “O turista conhece lideranças locais, aprende sobre plantas medicinais, participa das folias e festejos e, claro, se encanta com a Cachoeira Santa Bárbara, que recebe milhares de visitantes todos os anos”, contou.
A gastronomia também emociona. “É comida orgânica, plantada no berço do Cerrado, que desperta lembranças da infância e dos avós. Muitos choram ao provar”, conta. Para Natália, o turismo tem mudado vidas. “Hoje os jovens não precisam sair da comunidade. Podem construir futuro onde nasceram. E o Sebrae é nosso professor, sempre de mãos dadas, oferecendo cursos e capacitação.”
No Distrito Federal, Bianca D’Aya, da agência Me Leva Cerrado, trouxe o roteiro Brasília Negra, uma proposta de afroturismo e um olhar antirracista sobre a capital. “Queremos mostrar que Brasília não começou do nada. O roteiro percorre oito atrativos que contam a história da presença negra na cidade, como a Praça Zumbi dos Palmares, o Museu Vivo da Memória Candanga e a Praça dos Orixás. É uma forma de provocar o visitante a enxergar a capital além da arquitetura de Niemeyer”, explicou. O passeio pode terminar no restaurante Sunugal Bistrô, com pratos típicos senegaleses.
“Sem o Sebrae não teríamos alcançado tantas conexões. Eles nos abriram caminhos para a WTM e agora para o Salão, colocando o afroturismo no centro do debate”
Bianca D’Aya, da agência Me Leva Cerrado, do Distrito Federal
De Corumbá, no Mato Grosso do Sul, Thayná Cambará, CEO da Bela Oyá Pantanal, apresentou o roteiro Kaô Corumbá de Xangô, uma experiência que conecta afroturismo e inovação social. “Somos a primeira agência receptiva especializada em afroturismo no estado. Nosso roteiro mergulha nas tradições do Arraial do Banho de São João, com música, fé e pertencimento. É emocionante ver os turistas reconhecerem a força dessa cultura”, disse. Para Thayná, o Sebrae foi essencial. “Não é só dar visibilidade, é garantir condições para que pequenos empreendedores estejam presentes em eventos como esse. Isso muda a história de quem empreende.”
Em cada fala, em cada roteiro, fica evidente a potência do turismo como gerador de renda, de pertencimento e de emoção. Do litoral cearense às serras do Paraná, dos quilombos goianos ao afroturismo em Brasília e Corumbá, o Brasil que se revela no Salão do Turismo 2025 é múltiplo e vibrante. Como lembrou Ana Clévia, do Sebrae: “O turismo é uma atividade interdependente: precisa do hotel, do guia, do restaurante, da vivência. É uma cadeia que só funciona quando todos surpreendem e encantam”.