A temporada de 2021 do futebol brasileiro não teve 12 meses, nem mesmo os 11 tradicionais, consideradas as férias dos jogadores. A de 2020 terminou apenas em fevereiro, e com isso podemos dizer que foram dez meses de intensa agitação, nos quais os principais times tiveram de se dividir entre estaduais, Copa do Brasil, Brasileirão e competições sul-americanas. O preço foi caro para algumas equipes, até mesmo para as grandes favoritas, mas ainda maior para quem não tinha estrutura bem definida ou não se organizou.
O Athletico-PR é um exemplo dessa alternância na temporada. Campeão da Copa Sul-Americana e com vaga assegurada na Libertadores do ano que vem, o Furacão também está na final da Copa do Brasil, mas, até a penúltima rodada do Brasileirão, esteve ameaçado de rebaixamento. O Bragantino, finalista da Copa Sul-Americana, com planos de entrar na fase de grupos da Libertadores, agora corre o risco de ter de disputar a fase preliminar da principal competição do continente.
Três equipes despontaram como maiores favoritas aos principais títulos em disputa: o Atlético-MG, o Flamengo e o Palmeiras. O Galo já faturou o Brasileirão, e ainda pode levar a Copa do Brasil, mas foi eliminado na semifinal da Libertadores. O Palmeiras caiu na Copa do Brasil, ficou em terceiro no Brasileirão, mas levou para casa a Copa Libertadores. Já o Flamengo foi semifinalista da Copa do Brasil, finalista da Libertadores e vice-campeão do Brasileirão. Nenhum troféu. Vamos guardar essa informação!
Ainda na Série A, quem, no início do ano, colocaria o Grêmio entre os prováveis rebaixados para a segundona? Clube estruturado, bons jogadores, financeiramente bem, estádio próprio. No entanto, lá está o Tricolor gaúcho, praticamente rebaixado, precisando fazer muitas contas para escapar da queda. Como explicar?
E mudando o olhar para a Série B, uma rápida pesquisa nos mostra que o Vasco, no início do campeonato, estava sempre cotado entre os quatro que subiriam para a Série A em 2022. No entanto, o time de maior folha salarial terminou em décimo lugar. O Cruzeiro, que já está há dois anos na Segundona, também não conseguiu o acesso e vai para a terceira temporada fora da elite.
São quatro grandes clubes, com torcidas relevantes, passando por momentos difíceis, cada um com metas e sonhos distintos, com derrotas diferentes. Quem vai virar o ano mais triste? O favorito que não levantou nenhum troféu? O rebaixado? Ou o que não voltou para a elite?
Há quem diga que os de maior ambição sofrem a maior queda. Porém, quem tem o maior objetivo: o que quer ser campeão ou o que busca a recuperação? E quem sofreu a maior derrota? Aliás, pesa mais a do momento (no caso da luta por um título) ou a que repercute na próxima temporada?
O Grêmio ainda pode escapar da derrota maior na quinta-feira (9), apesar de, particularmente, achar muito difícil. Mas o fato é que não dá para afirmar qual dessas quatro torcidas é a mais frustrada, com uma virada de ano cinzenta e sem cor, nessa temporada em que o preto-e-branco de Atlético-MG e Botafogo predominou.
* Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil.
Edição: Fábio Lisboa
*Agência Brasil