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No Salão do Turismo 2025, artesãos transformam territórios em arte viva

No Salão do Turismo 2025, artesãos transformam territórios em arte viva

O Salão do Turismo 2025 abriu espaço não apenas para os roteiros que encantam viajantes, mas também para as mãos que guardam e renovam tradições. Os quiosques de artesanato que enfeitam o estande do Sebrae são um verdadeiro mosaico de culturas, cores e histórias que se conectam com os destinos turísticos do país. Ali, cada peça exposta é um convite para conhecer não apenas a técnica, mas o território e a vida de quem a produz.

No Acre, Cláudia Barroso, da SanClau, leva adiante um ofício familiar que se reinventa com sementes como jarina, açaí e paxiubão. Gamelas, colares e braceletes ganham forma a partir do reaproveitamento da madeira e de elementos que a natureza deixaria ao chão. “O Sebrae trouxe cursos, capacitações e, principalmente, visibilidade. Nosso trabalho cresceu muito com esse apoio”, conta a artesã, que há quase uma década constrói, junto com o marido, os filhos e o neto, uma rede em que o artesanato é ao mesmo tempo renda e afeto.

De Maceió, Raquel Lima representa o Instituto Imbordal, coletivo com mais de 20 mulheres que preservam a tradição do bordado filé, técnica feita em teares com fios de algodão. O resultado aparece em peças de mesa, vestuário e decoração que levam o traço delicado da renda alagoana. “O Sebrae está conosco desde o início. É reconhecimento, é apoio. Essa parceria nos valorizou e deu mais força ao nosso trabalho”, afirma Raquel, que celebra as vendas e a troca com o público do Salão.

De Mato Grosso do Sul, a Casa do Artesão levou ao evento a diversidade de um Estado marcado por múltiplas etnias. Representando o grupo, Eliane Torres destacou peças em cerâmica, cabaça, biscuit e esculturas indígenas que retratam a fauna e a flora sul-mato-grossense. “O Sebrae nos acompanha há mais de 15 anos, oferecendo capacitação, feiras e oportunidades. É uma parceria que abre portas para todos os artesãos”, reforça.

No Vale do Ribeira, em São Paulo, as mulheres da Associação Banarte, representadas por Leia Alves, transformam a fibra da bananeira em bolsas, acessórios e objetos de decoração. O processo artesanal começa no tronco da planta e chega ao produto final com tingimentos naturais feitos de flores e frutas. “Há 25 anos trabalhamos com o Sebrae, que nos ajudou a estruturar, aperfeiçoar e divulgar nosso trabalho. Hoje, além da lojinha física, recebemos turistas em vivências e fortalecemos nossa presença digital”, explica Leia.

Do Paraná, o artesão Leandro Estefanizzi, da Ciskos Arte em Madeira, apresentou um trabalho lúdico e afetivo, com peões, bilboquês e esculturas de araucária, além de peças religiosas e cerâmicas. Ele utiliza madeira de reaproveitamento, como embuia e cedro arana, e celebra a possibilidade de estar em São Paulo mostrando sua produção. “Com o Sebrae, aprendi desde técnicas de embalagem até estratégias de venda. Essa parceria fez toda a diferença”, afirma.

Já no Amapá, a mestra artesã Rosângela Tapuia, do Quilombo de Artes Tapuia, trouxe peças que unem sustentabilidade e memória coletiva. As luminárias marabaixeiras, inspiradas na dança tradicional do marabaixo, são feitas com fibras de arumã e resíduos do açaí, resultado de uma técnica desenvolvida pela própria artesã para evitar a poluição causada pelo descarte. “O Sebrae não chega para mudar o que já fazemos, mas para potencializar nosso trabalho e dar visibilidade. Nosso artesanato conta histórias verdadeiras da comunidade”, diz.

Ao percorrer o estande, o visitante encontra símbolos vivos de territórios, tradições e resistências. E a conexão entre artesanato e turismo ficou ainda mais clara nesta edição, como destaca Gisele Oliveira, analista técnica do Sebrae. “O artesanato é parte do destino turístico, da vida local. Ao integrar os espaços no Salão do Turismo, mostramos que turismo e artesanato são um casamento perfeito. O visitante conhece a rota e, ao mesmo tempo, leva para casa uma parte daquela história. E os artesãos também trocam entre si, fortalecendo suas criações e descobrindo novas possibilidades”.

O resultado, segundo Gisele, é expressivo. Já no primeiro dia, as vendas se aproximaram dos R$ 50 mil, com cerca de 50 artesãos de 23 estados. Mais do que números, porém, o que se celebra é o brilho nos olhos de quem se reconhece no próprio território.

O Salão do Turismo 2025 segue até este sábado (23), em São Paulo, com entrada gratuita. Entre roteiros, sabores e artesanatos, é uma oportunidade de se encantar com os muitos Brasis que se revelam no fazer manual, na memória e na criatividade que unem tradição e futuro.

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