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Pequenos negócios reforçam vocação de Florianópolis para o iatismo

O instrutor de velas Marcelo Visintainer Lopes se prepara para viver quatro meses de fortes emoções em mar aberto e em terra firme. Nas águas, o compromisso com os cerca de 30 alunos que atende mensalmente em suas aulas, na maioria com 70 horas de curso completo. Em solo, ele se ocupa com o planejamento estratégico e todos os trâmites legais para iniciar em Florianópolis (SC), em 1º de janeiro de 2025, a sua Academia Brasileira de Vela Oceânica, onde pretende oferecer formações com até 122 horas.

Os dois ambientes, contudo, não assustam o empreendedor. Pelo contrário. Sua vida dentro das águas como velejador já soma quase 50 anos, tendo iniciado no esporte quando tinha apenas seis anos. Como empresário, desde 1991 ele investe na formação de velejadores, seja para competições, seja para prática do esporte como lazer. Há 12 anos, ele ensina, como autônomo, em sua escola em Florianópolis, para onde veio depois de empreender por mais de 20 anos em Porto Alegre, também na atividade da vela náutica.

Foto: divulgação

Apesar de se tratar de um mercado de nicho – um curso completo pode variar de R$ 5 mil a R$ 10 mil, se feito em grupo ou sozinho –, o capitão Marcelo, como é informalmente chamado, tem uma razão clara para se formalizar. Além de subir na escala de formação, com a oferta de cursos para velejadores de alta performance, ele vê na formalização a possibilidade de poder atender a grandes companhias, como fazia no seu tempo de empresário em Porto Alegre. Com um CNPJ, ele poderá emitir nota fiscal e assim, atender uma demanda represada, ligada a treinamentos comportamentais promovido por grandes empresas.

As escolas de vela de Florianópolis vivem também expectativas de crescimento da procura com a campanha publicitária que o Sebrae e a Embratur veiculam nos países europeus, onde o iatismo em Florianópolis aparece como atrativo para os amantes de esportes olímpicos. Em se tratando de Olimpíadas, com oito medalhas de ouro, três de prata e oito de bronze na história (sem considerar os resultados de Paris), a vela é o esporte em que os brasileiros são os maiores vencedores.

Segundo instrutores de vela, Florianópolis tem recebido turistas de todo Brasil e do exterior. Com vento durante todo ano, a cidade não tem baixa estação, atraindo principalmente franceses e noruegueses, portugueses e espanhóis, argentinos e uruguaios. Ele conta que há algumas semanas estava instruindo “dois irmãos argentinos” e também lembra-se de um aluno canadense que sempre passa sua temporada de férias a velejar pelas praias catarinenses.

Foto: divulgação

Entre formação de atletas para competição e ensino básico para o público infanto-juvenil, Florianópolis soma mais de dez empresas que oferecem atividades náuticas, algumas delas voltadas para o remo, windsurf e canoagem. São pequenos negócios, em sua maioria, que buscam, com investimentos, como a do capitão Marcelo, prosperar num setor onde as embarcações motorizadas chamam cada vez mais a atenção dos clubes de vela da cidade, como explica o empresário Cristian Franzen, proprietário da Armazém Naval, loja especializada em equipamentos e demais materiais (nacionais e importados) necessários para a prática do iatismo.

Foto: divulgação

De acordo com Franzen, há um investimento cada vez maior entre os amantes das atividades náuticas em embarcações motorizadas, concorrendo fortemente com o mercado das velas, principalmente na ocupação da infraestrutura oferecida pelos clubes. Na dependência desses espaços para ancoragem dos veleiros, uso das rampas para entrada no mar, entre outros serviços, os donos de barcos a vela estão sendo obrigados a competir com os proprietários de grandes embarcações a motor, que se apresentam mais lucrativos para os clubes dedicados às atividades náuticas.

Cadeia da vela

Solucionado o problema da concorrência pela infraestrutura necessária para a prática das atividades náuticas, capitão Marcelo vê como salutar a presença das embarcações motorizadas.

Ao cruzar com um atleta, um aluno, um profissional em um veleiro, aquela pessoa que está fazendo seu passeio em lancha e outras embarcações motorizadas desperta a atenção também para a prática da vela e vai procurar uma escola para a sua formação.

Marcelo Visintainer Lopes, empreendedor

Além dessa sintonia, os praticantes da vela conseguem também compartilhar dos serviços prestados por diferentes profissionais necessários para que a prática do iatismo possa existir. A presença de um veleiro na água tem em seu entorno cerca de dez trabalhadores necessários para a sua manutenção. São prestadores de serviços hidráulico, elétrico, pintura, manutenção da vela, reparos da fibra de vidro (material do qual são feitos os veleiros, atualmente), limpeza e mergulhadores para limpeza dos cascos, entre outros.

Os desafios do mercado são enfrentados também com parcerias. É o caso, por exemplo, da Escola de Velas Florivento. O instrutor Pablo Bernardes de Oliveira conta que tem encontrado na parceria mecanismos para atender a todas as demandas do mercado pelas diferentes atividades náuticas. Nesse momento, por exemplo, segundo ele, a sua escola não tem atendido alunos de barcos a vela, por estar mais concentrado no ensino do windsurf. Para não deixar seus clientes na mão, ele tem ofertado o curso de vela através de outra escola de Florianópolis.

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