A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, disse que o evento realizado hoje (27), na sede da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), consiste não somente em um ato simbólico, “mas de responsabilidade”, tendo em vista a vulnerabilidade em que o Estado deixou o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips.
Para ela, o governo federal tem uma dívida com as famílias de ambas as vítimas, que foram assassinadas por denunciar crimes na região do Vale do Javari, como o garimpo e a caça ilegais:
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“A gente tem que buscar pela justiça, pela investigação, não somente pelo Bruno ou Dom, ou por Maxwell, por outros servidores, que estão aqui com a gente, pelas nossas lideranças, que continuam sendo ameaçadas e já estão alertando isso faz um tempo”, argumentou Joenia.
Presente no evento, a viúva de Bruno Pereira, a antropóloga Beatriz Matos, ressaltou que vai fazer de tudo para evitar que os indígenas da região passem pela situação de perder um familiar. Neste mês, ela se tornou diretora de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, no Ministério dos Povos Indígenas.
A ministra disse que a Funai retoma agora sua força e traz “notícias concretas, não apenas sonhos”. A precariedade com que equipes do órgão trabalham é um dos aspectos que merecem atenção, segundo ela. “Sem uma reestruturação das redes de proteção, sem condições de trabalho, é difícil a gente continuar essa obrigação do Estado”, disse a ministra.