As medidas de isolamento social e o avanço da vacinação contra a covid-19 podem ter evitado 66 mil mortes e 380 mil internações decorrentes da doença apenas na cidade do Rio de Janeiro. É o que aponta um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado hoje (24), que teve como objetivo compreender o real impacto de medidas farmacológicas e não farmacológicas para deter a pandemia.
O estudo, publicado na Infectious Disease Modelling, analisou os chamados cenários contrafatuais na cidade, ou seja, situações que não ocorreram, mas que poderiam ter ocorrido com e sem medidas como isolamento e vacinação. De acordo com os cientistas, as políticas associadas podem ter evitado mais de 380 mil hospitalizações e 66 mil óbitos na cidade até junho de 2021.
Os painéis de acompanhamento do cenário epidemiológico do novo coronavírus da prefeitura indicam um total de 87,8 mil casos graves e 36 mil mortes por covid-19 na cidade desde o início da pandemia, em março de 2020. O número de casos confirmados passa de 908 mil.
Os pesquisadores do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) desenvolveram modelos matemáticos para capturar e descrever a dinâmica da pandemia na cidade. Analisando os dados e as possibilidades de cenário, os cientistas apontam que apenas a vacinação teria evitado mais de 230 mil casos de hospitalizações e mais de 43 mil mortes. E as medidas não farmacológicas, como uso de máscaras e isolamento social, teriam evitado outras 150 mil hospitalizações e 23 mil óbitos.
A pesquisa utilizou os dados públicos de hospitalizações e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
O coordenador do Procc/Fiocruz e do estudo, Daniel Villela, explica que o levantamento foi feito na época de grande disseminação da variante Gama, sendo a vacinação a grande responsável por frear os casos graves. “O que aconteceu já foi uma tragédia, mas teríamos tido um número de casos e hospitalizações ainda maior, se não fossem as medidas adotadas”.
De acordo com ele, a chegada da variante Ômicron alterou o cenário, mas os resultados da pesquisa se mantém válida.
“Mesmo com a entrada de uma nova variante como essa, do aumento de casos decorrentes disso e das doses de reforço da vacina, temos que continuar tomando os cuidados. De certa forma, é uma repetição do mesmo filme, mas com outros elementos. A mensagem é a de que as políticas combinadas continuam sendo importantes e atingindo os melhores resultados”.
Edição: Valéria Aguiar
*Agência Brasil