O papel estratégico da bioeconomia para o Brasil e a importância dos pequenos negócios nesse contexto foram abordados no Web Summit Lisboa, um dos maiores e eventos de inovação e empreendedorismo do mundo. Trata-se de palco estratégico para divulgar como o Brasil tem transformado sua riqueza natural em um modelo de desenvolvimento sustentável, que combina ciência, tecnologia e o conhecimento das comunidades locais. Os pequenos negócios são fundamentais para explorar e transformar o conhecimento dos biomas em negócios que, além de rentáveis, preservem a floresta.
“A pergunta que se faz é: como manter a floresta e o cerrado em pé e, ao mesmo tempo, gerar receita?”, provocou o gerente de inovação do Sebrae, Paulo Renato. Diante dos problemas ambientais, ele expôs o potencial da bioeconomia como alternativa ao modelo agrícola tradicional: “As pequenas empresas inovadoras estão ajudando a desenvolver o potencial de biomas como a Amazônia, por meio de produtos como cosméticos, alimentos e fármacos. Muitas delas apresentaram suas soluções aqui no Web Summit, conquistando a atenção do público e de potenciais investidores”.
A visão do Sebrae, segundo Paulo Renato, vai além do incentivo econômico. Para tirar projetos de bioeconomia da gaveta, a instituição aposta em parcerias com universidades e centros de pesquisa para. A criação da “bolsa sócio-empreendedor”, iniciativa do Sebrae, permite que empreendedores mantenham suas empresas na fase inicial de desenvolvimento, quando falta financiamento e capital de risco para dar os primeiros passos no mercado.
O gerente ressaltou ainda a importância de unir conhecimento científico à cultura tradicional local. “Estamos descobrindo potencial incrível nesses biomas, sobretudo na Amazônia, e o transformando em empresas que agregam valor, geram empregos e carregam a marca da biodiversidade nacional”, afirmou. O palestrante acrescentou que o Sebrae incentiva esses empreendedores a acessar mercados globais, por meio da capacitação e de programas de mentoria para fortalecer e preparar os negócios.
Encantos da Floresta: Bioeconomia e Valorização da Amazônia
O propósito da Encantos da Floresta, startup que integra a missão do Sebrae e da Apex-Brasil para o Web Summit 2024, é levar produtos amazônicos de qualidade para o Brasil e o mundo, valorizando o conhecimento tradicional de povos originários e ribeirinhos. “A Encantos da Floresta nasceu do sonho de unir ciência ao saber popular”, afirma o CEO Rafael Diniz. Destaca-se pelo desenvolvimento de produtos como o “sangue de dragão”, seiva que estimula a produção de colágeno e têm aplicações em medicina e cosméticos.
Atuando diretamente na bioeconomia, a startup realiza o mapeamento de comunidades extrativistas e insere seus produtos no mercado, com foco em ativos como copaíba, andiroba e óleo de sucupira. A Encantos da Floresta também desenvolve uma linha de dermocosméticos com nanotecnologia, com previsão de lançamento em fevereiro, em parceria com instituições como o Sebrae. Para Diniz, a bioeconomia mostra que “um hectare de floresta nativa pode gerar mais renda que a criação de gado ou cultivo de soja”.
WoodChat: Tecnologia Acreana que Protege a Amazônia
Já a startup WoodChat, ajuda a proteger a floresta por meio da tecnologia, identificando espécies de madeira da Amazônia. A CEO Fernanda Onofre desenvolveu o programa de inteligência artificial “lente inteligente”, que permite identificar espécies de madeira em toras, por meio da câmera do celular, via WhatsApp, utilizando uma API 100% “acreana” (AC) e aprovada pela Meta (controladora do WhatsApp). A proposta é reduzir a exploração ilegal de madeira, que representa 35% da extração atualmente.
“Queremos apoiar o IBAMA e facilitar o preenchimento do Documento de Origem Florestal (DOF), contribuindo para uma economia sustentável e legal,” destaca Fernanda. Com o apoio do Sebrae e da Apex-Brasil, a WoodChat está expandindo suas operações internacionalmente, já construindo parcerias na Europa. “Essa visibilidade só foi possível graças ao Sebrae, que abriu portas para a inovação da WoodChat no mercado global”.