Os Jogos Olímpicos são eventos esportivos que exigem grande preparação e empenho. Os atletas aprendem, desde cedo, a superar desafios dentro de um ambiente competitivo. Essas habilidades adquiridas no mundo das competições podem ser úteis para os negócios, dizem ex-atletas ouvidos pela Agência Sebrae de Notícias. Após se aposentarem ou ainda durante a carreira, muitos se aventuram no empreendedorismo e consolidam marcas de sucesso. Conheça a história de alguns campeões, agora na arena do empreendedorismo:
Fabiana Molina identificou, de dentro das piscinas, uma lacuna no mercado
Fabíola Molina é uma das atletas que colocou em prática os conhecimentos aprendidos nas piscinas. A nadadora olímpica criou a própria marca de trajes de banho ao enxergar uma lacuna no mercado: a falta de maiôs confortáveis e bonitos. “Uma dor que eu tinha dentro do esporte era não poder nadar com um produto bonito e que me fizesse sentir bem. Naquela época, os maiôs eram muito incômodos, arranhavam na lateral, os elásticos eram soltos, entravam no bumbum. Além disso, eles tinham pouca durabilidade e não tinham muitas opções de cores, as estampas normalmente eram azul, marinho ou preto”, conta a nadadora.
Horas a fio dentro da água fizeram a atleta sentir na pele o que outros nadadores também sentiam e a inspiraram a criar produtos com tecidos resistentes, duráveis e com estampas diversificadas. A empresa foi criada em 2004, em parceria com a mãe, quando Fabíola deu uma pausa na carreira e começou a vender as roupas de forma informal. Depois, ela voltou a competir e vendia as peças durante as competições. Ela só parou oficialmente de nadar em 2013, quando passou a se dedicar em tempo integral à empresa.
“Foi quando parei de vez e fiz a transição de carreira, o que acabou sendo mais fácil porque a empresa já estava relativamente sólida, tinha bastante clientes e revendedores. Além disso, eu já estava bem madura com a decisão de parar de nadar, estava com 38 anos, queria ter filhos e a minha parte emocional estava bem organizada. O mais difícil quando você faz a transição é entender que não é mais uma atleta profissional, mas tem valor por ser quem é, independentemente do que faz”, comenta.
Hoje, a marca Fabíola Molina, de produção local em São José dos Campos, conta com 50 colaboradores e exporta para mais de 50 países. Ela destaca que o sucesso se deu graças aos valores aprendidos no esporte e à coragem para se reinventar.
A coragem que temos que ter no esporte para superar vários desafios é fundamental na hora das decisões da empresa. Outro valor importante é ter foco no resultado e traçar metas para que isso aconteça. Também é essencial ter o seu propósito de vida alinhado com o da empresa. Quando você é atleta, o esporte é o que você acredita, então faz sentido trazer isso para dentro da gestão do negócio.
Fabíola Molina, empreendedora e ex-atleta
Diogo Yabe abriu negócio unindo esporte e educação
Após ganhar oito medalhas em Copas do Mundo, conquistar 10 vitórias absolutas em campeonatos brasileiros e se consagrar como recordista sul-americano, o nadador Diogo Yabe encerrou a carreira de atleta e seguiu rumo a um novo desafio: o empreendedorismo. Uma empresa de shitake, uma agência de marketing e uma empresa de tecnologia foram alguns dos negócios experimentados por ele. Mas foi com a empresa de intercâmbios Atleta Estudante que Diogo construiu uma jornada de sucesso.
“A Atleta Estudante começou porque como fui atleta estudante nos EUA, conquistei a minha educação por meio do esporte e percebi que muita gente não sabia dessa oportunidade. Sabendo disso, criei essa empresa que visa conciliar as duas coisas: ser atleta e ao mesmo tempo estudante. Na época, teve bastante procura, pois era uma coisa em falta no mercado”, conta o nadador.
Segundo ele, empreender é um bom caminho para quando chega o momento de largar as competições, pois oferece mais oportunidades de crescimento do que começar do zero como empregado. O atleta afirma ainda que a experiência no esporte contribui para lidar com os altos e baixos do ramo empresarial.
A consistência é um valor muito importante, porque se não tiver consistência diária para realizar ações e resolver problemas, fica mais difícil para o projeto dar certo. Como no esporte você nem sempre ganha, já está acostumado a lidar com os fracassos, e mesmo não ganhando ou não melhorando, precisa continuar em frente.
Diogo Yabe, empreendedor e ex-atleta
Inonete das Nevez: “Sou o que sou como empresária por causa do esporte”
A ex-jogadora de vôlei Inonete das Neves saiu das quadras profissionais, mas não abandonou as quadras esportivas. A experiência com o esporte e o gosto por costura influenciaram a criação da Undici Sports, empresa de uniformes personalizados para atletas. Tudo começou quando ela tirou um ano sabático e começou a se interessar por confecção de roupas para pessoas compridas, com porte de atleta.
A transição de carreira foi um processo natural para ela, que aos 33 anos e com o título de vice-campeã do Campeonato Sul-Americano, uma Olimpíada e uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos já “não aguentava mais jogar vôlei”. “Aí a coisa foi fluindo, trabalhei para várias marcas esportivas e estou no mercado há 25 anos. Como eu joguei vôlei, a entrada nos clubes esportivos era mais fácil, o que me ajudou a captar clientes”, relata Ivonete.
Para ela, o esporte ensina lições importantes para a vida empreendedora.
O esporte tem tudo a ver com quem é empresária, porque você tem que ser competitivo no mercado, tem que ir à luta. Eu sou o que sou como empresária por causa do esporte.
Inonete das Neves, empreendedora e ex-atleta