“O senhor come pizza todo dia?”, indagou a reportagem da Agência Sebrae de Notícias (ASN) para Enildo Veríssimo Gomes, proprietário de um dos ícones da gastronomia popular de Brasília, a pizzaria Dom Bosco. “Todo dia. Pizza e mate gelado”, disse o empreendedor, que, aos 79 anos, esbanja saúde e disposição para atender à clientela fiel da loja localizada na 107 Sul, unidade que existe desde a década de 1960 e deu fama à fatia simples ou dupla, mas sempre com queijo e muito molho. “É uma delícia. Tomate é bom para a saúde. E a pizza também, né? Uma pizza com molho de tomate e orégano… Orégano é um santo remédio”, justifica.
Para quem não conhece Brasília, a 107/108 Sul faz parte do roteiro turístico de quem visita a capital federal: é onde está a Igreja Nossa Senhora de Fátima, projetada em formato de um chapéu de freira pelo arquiteto Oscar Niemeyer e adornada pelos azulejos azuis de Athos Bulcão. Mas é lá também que Enildo abriu seu negócio, em 1960, quando tudo ainda era terra e a conhecida Igrejinha, o único templo católico da capital. “Tinha muito pai que falava: ‘quem não for à missa, não come pizza’ e aí a meninada ficava doida para ir à igreja”, lembra Enildo, que diz estar em sua 10ª geração de clientes.
Para a brasiliense Mariana Henrique, o “grande trunfo” da Dom Bosco é a identificação que a marca tem com capital. “Eu lembro que era muito pequena e já comia Dom Bosco. Então, para mim, acaba sendo uma memória de infância”, declara. A designer que “ama de paixão” a pizza também ressalta a estética do lugar que, conforme define, tem uma “carinha meio de bodega”, como algo positivo. Além de ser um lanche acessível e muito gostoso, Mariana também valoriza o produto porque sabe que é de um pequeno negócio. “A gente sabe que são pequenos empreendedores, são negócios pequenos, e eu acho que isso ajuda a fomentar essa cultura, essa identidade do que é Brasília.”