A 8a edição do Salão do Turismo, que termina neste domingo (11), no Rio de Janeiro, também foi palco de mais uma reunião do Conselho Nacional do Turismo. O ministro do Turismo, Celso Sabino, que também é o presidente do conselho, e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, abriram a reunião na manhã deste sábado (10). O Sebrae faz parte do conselho, representado pela coordenadora de Turismo, Ana Clévia Guerreiro, atuando como conselheira substituta. Aproveitando a presença do senador André Amaral (União / PB), Ana Clévia quebrou o protocolo e pediu uma audiência pública.
“Gostaria de mandar uma mensagem direta para quem representa o povo e lembrar que ontem o ministério lançou o Plano Nacional do Turismo, por isso, gostaria de pedir uma audiência pública”, disse, sendo aplaudida pelos outros conselheiros e demais presentes.
Turismo tem que ser sustentável, tem que ser inclusivo, respeitar as comunidades locais. O senador pode ser o protagonista. Se nós tivermos o apoio do Congresso, faremos do Brasil uma referência.
Ana Clévia Guerreiro, coordenadora de Turismo.
O senador concordou com a pauta, mas sugeriu que os presentes entrassem em contato com os deputados e senadores com quem tivessem ligação para criar um envolvimento político. “A audiência pública será solicitada e no plenário do Senado da República. Para ter o tamanho de que ela necessita”, prometeu.
Novamente com a palavra, Ana Clévia lembrou que o Sebrae contribui fortemente para o turismo brasileiro. “Estamos lá na ponta, trabalhando com todas as entidades. E com comunidades quilombolas e tradicionais”, contou, lembrando dos três estandes que o Sebrae tem no Salão e na rodada de negócios que aconteceu na sexta-feira (9). “Temos um espaço do Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), que está aqui mostrando o valor e a identidade da cultura brasileira.” Ao fim da fala, ela reforçou a parceria com o Ministério do Turismo em tom descontraído: “Somos parceiros desde o início. Hashtag: estamos juntos”.
O Conselho faz 69 anos exatamente neste sábado, dia 10 de agosto. Instituído pelo decreto-lei no 55/66, ele tem a finalidade de formular, coordenar e dirigir a política nacional de turismo. Conta com conselheiros tanto do Ministério do Turismo, como da Embratur, além de diversas associações e confederações. São 93 conselheiros ao todo. Na abertura, o ministro do Turismo fez uma promessa.
“Vamos fazer o turismo mais pujante e desenvolvimentista que o mercado de petróleo”, previu o ministro Sabino. “O próximo presidente da Embratur vai ser tratado de forma igual ao da Petrobras. Esse setor é responsável por empregar e educar as pessoas. Quando chegarmos a esse patamar, vocês serão ainda mais valorizados.”
O ministro falou também do acidente com o avião que vitimou 62 pessoas no interior de São Paulo na manhã de sexta: “Precisamos nos compadecer, nos solidarizar e seguir adiante”.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, aproveitou a oportunidade para falar de uma campanha lançada pelo ministério para acabar com o feminicídio e a violência sexual contra mulheres.
“As mulheres fazem diferença quando estão nos espaços de discussão junto com os homens. A política para as mulheres é um desafio para todos os ministérios, é transversal”, frisou, reforçando a importância do documento lançado. “A carta é articulação, mobilização nacional contra a violência contra as mulheres. Queremos o feminicídio zero”, disse, fazendo comparação com a campanha de Fome Zero, que mobilizou toda a sociedade.
Vários membros mencionaram a necessidade de reconstrução do Rio Grande do Sul depois das chuvas que atingiram quase todo o estado. A pauta foi logo encampada pelo Ministério do Turismo e pela Embratur.
Também foi comentado e elogiado o Plano Nacional de Turismo, lançado na sexta (9), lembrando que o documento que prega metas para o setor até 2027 é fruto do debate do Conselho, aprovado a partir das contribuições com 20 programas e dois planejamentos nacionais.
Mulheres no turismo
Ana Clévia também participou de um painel sobre a participação feminina na indústria das viagens. O encontro, que reuniu secretarias estaduais e municipais do turismo, gestores públicos dos ministérios do Turismo e da Igualdade Racial, começou com a apresentação da primeira secretária-executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes. Ana Carla apresentou um panorama da presença das mulheres no setor, com 54% de mulheres no turismo no mundo inteiro, tendo um aumento de 24% de 2010 a 2019 nesse número, mas com empregos menos qualificados e salários mais baixos, e ainda uma parte de empregos informais.
A representatividade varia bastante. No subsetor de alojamento, as mulheres são 58% do total de empregados. No de Transporte aquaviário, contudo, são apenas 19%. Nos cargos de chefia, quase há uma paridade: 46%. “Mas com a ajuda do Sebrae, estamos tentando melhorar”, enfatizou.
Ana Clévia foi a última a participar e fez questão de lembrar que não escolheu ser feminista, mas que precisou ser, por ter nascido mulher no sertão cearense. “Hoje a minha atuação é intencional, mas no início foi sobrevivência”. Ela sugeriu que há duas maneiras de mudar o mundo, com políticas públicas, ou com atos de insurgências, como o feito pela norte-americana Rosa Parks que, ainda imperando as leis de segregação nos EUA no meio do século passado, recusou-se a obedecer e se levantar para um branco no ônibus em que ela estava. “O mundo que é melhor é aquele que é diverso e plural”, assegurou.
Ao fim da sua fala, Ana Clévia convidou os presentes para assinar o manifesto contra o feminicídio, lançado pelo Ministério das Mulheres no dia anterior.
Estandes do Sebrae
Além de todas as participações em rodadas de negócio e discussões sobre práticas para melhorar a qualidade do turismo no país, o Sebrae também se fez presente no Salão de Turismo com três estandes que abordavam aspectos diversos da instituição.
O estande Sebrae Turismo mostra destinos turísticos inteligentes pelo país, no programa chamado Turismo Futuro Brasil. São 12 lugares, apresentados em quatro eixos (Sustentabilidade, Marketing, Experiência e Acessibilidade), que oferecem vivências personalizadas. As práticas, por passar por avaliações contínuas, permitem que sejam aprimoradas constantemente. Você pode conhecer lugares como Novo Airão, no Amazonas, em que um aplicativo e um site centralizam todas as informações turísticas da cidade. Ou saber mais sobre a Rota dos Pirineus, em Pirenópolis, que criou uma conta no Instagram para mostrar uma janela para os “Queijos e vinhos de Goiás”.
A Arena Experiências Brasil, bem no meio do Pavilhão 4, leva um pouco dos destinos para que os visitantes do Salão se sintam dentro da atmosfera. No pavilhão ao lado, o CRAB, que fica na Praça Tiradentes, na região central do Rio, levou um recorte da atual Mostra Solo Criativo, uma homenagem aos artesãos brasileiros, atualmente em cartaz. Além disso, também montou um espaço interativo em que apresenta o portal do CRAB na web para exibir a diversidade do artesanato brasileiro.